Vejamos a seguinte situação:
Maria,
16 anos, vê em seu relógio que são exatamente 08:08 e diz: “João está pensando
em mim! Eu sei que ele me ama!”, e a partir disso, ao encontrar João, cria situações que facilitam o
contato físico entre eles, ou seja, Maria envolve João (por ter certeza de que ele a ama), e João tem maior
facilidade em se relacionar com Maria.
Fonte: http://www.twitter.com
(retirado da ferramenta de busca)
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- Qual foi o elemento antecedente para a situação?
R= A contagem do
relógio (08:08).
Sim... e...???
Existe uma teoria/artigo de internet/rumor que fala sobre
isso: “O significado das horas e minutos iguais”. Não existe Ainda não encontrei nenhuma comprovação científica para isso.
Apesar
de não haver comprovação científica alguma (ou seja, não se tem certeza se é
verdadeiro), este tipo de antecedente pode, sim, modificar o comportamento de
pessoas que, de fato, acreditam nisso, porque muitas vezes as situações
“previstas” podem acontecer, porém, a partir de uma série de contingências que
são modificadas a partir deste antecedente.
Entendendo
melhor:
Maria
viu em seu relógio "08:08", ficou mais “suscetível” a relacionar-se com João, por
achar que este estava pensando nela naquele exato momento. João, a partir do
comportamento de Maria, também fica mais suscetível. Os dois se relacionam.
- E o que garante que
João estava pensando em Maria naquele exato momento?
R= Nada.
Em 1965, em seu livro “Ciência e Comportamento Humano”, Skinner fala um pouco sobre o que ele chama de comportamento supersticioso (ou comportamento operante supersticioso), que ele descreve juntamente com o conceito de contingências acidentais. Ele diz que nem sempre é tão fácil alguém descrever com facilidade que contingências reforçaram seu comportamento numa determinada situação, nem tão pouco se faz necessária uma conexão permanente entre a resposta emitida e seu reforçador.
"A Origem da Superstição" - Comentário de Richard Dawkins, citando a obra de B.F. Skinner.
Sem dúvida alguma, a
apresentação de um reforçador sempre irá reforçar algo, pois no momento de sua
apresentação, um comportamento sempre será emitido. Quando isto acontece acidentalmente
(ou seja, determinado comportamento recebe um reforçador que não tem relação
com este comportamento), podemos descrevê-lo como comportamento supersticioso.
Sendo assim: Na emissão do comportamento supersticioso, se ele é reforçado (através
da apresentação direta de algo reforçador, ou através de outros benefícios), a
probabilidade de sua ocorrência aumenta.
É
importante destacar que há pessoas que dizem que o behaviorismo radical (aquele
formulado por Skinner) diz que o comportamento precisa sempre ser reforçado
para ocorrer. Isso não é verdade!
Não! Behaviorismo
radical não é isso!
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Em relação ao comportamento supersticioso, é curioso ver que nosso organismo é totalmente eficaz
ao nos preparar para executar comportamentos adequados em determinadas
situações, porém este não possui aparato suficiente para nos “livrar” de
comportamentos que não possuem muita utilidade para nós.
Skinner
ainda nos fala que “os ritos supersticiosos na sociedade humana geralmente
incluem fórmulas verbais e são transmitidos como parte da cultura”. Isso pode
nos ajudar a compreender também como algumas formas de pensar são assimiladas culturalmente,
sem que necessariamente sejam comprovadas.
Por
isso, questione! Só assim poderemos modificar a
realidade onde vivemos de forma mais funcional.
SKINNER, B.F. Ciência e comportamento humano. Tradução João Carlos Todorov, Rodolfo Azzi – 11ª ed. – São Paulo: Martins Fontes, 2003.
BAUM, W.M. Compreender o Behaviorismo: Comportamento, cultura e evolução. 2ª ed. rev. e ampl. – Porto Alegre: Artmed, 2006.
REIS, A.V. Superstição. Disponível em: <http://olharbeheca.blogspot.com.br/2009/12/supersticao.html> Acessos em 01 jul. 2012.
LÉVI-STRAUSS, C. O feiticeiro e sua magia. In: ___. Antropologia Estrutural. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro. 2ª ed. pp. 193-213. 1985.
SKINNER, B.F. Ciência e comportamento humano. Tradução João Carlos Todorov, Rodolfo Azzi – 11ª ed. – São Paulo: Martins Fontes, 2003.