segunda-feira, 2 de julho de 2012

Fenômenos da internet, Horas iguais e Comportamento supersticioso.


Vejamos a seguinte situação:

Maria, 16 anos, vê em seu relógio que são exatamente 08:08 e diz: “João está pensando em mim! Eu sei que ele me ama!”, e a partir disso, ao encontrar João, cria situações que facilitam o contato físico entre eles, ou seja, Maria envolve João (por ter certeza de que ele a ama), e João tem maior facilidade em se relacionar com Maria.
Fonte: http://www.twitter.com (retirado da ferramenta de busca)

- Qual foi o elemento antecedente para a situação?

R= A contagem do relógio (08:08).

Sim... e...???
           Existe uma teoria/artigo de internet/rumor que fala sobre isso: “O significado das horas e minutos iguais”.  Não existe Ainda não encontrei nenhuma comprovação científica para isso.

Apesar de não haver comprovação científica alguma (ou seja, não se tem certeza se é verdadeiro), este tipo de antecedente pode, sim, modificar o comportamento de pessoas que, de fato, acreditam nisso, porque muitas vezes as situações “previstas” podem acontecer, porém, a partir de uma série de contingências que são modificadas a partir deste antecedente.


Entendendo melhor:

Maria viu em seu relógio "08:08", ficou mais “suscetível” a relacionar-se com João, por achar que este estava pensando nela naquele exato momento. João, a partir do comportamento de Maria, também fica mais suscetível. Os dois se relacionam.

- E o que garante que João estava pensando em Maria naquele exato momento?
R= Nada.



          
           Em 1965, em seu livro “Ciência e Comportamento Humano”, Skinner fala um pouco sobre o que ele chama de comportamento supersticioso (ou comportamento operante supersticioso), que ele descreve juntamente com o conceito de contingências acidentais. Ele diz que nem sempre é tão fácil alguém descrever com facilidade que contingências reforçaram seu comportamento numa determinada situação, nem tão pouco se faz necessária uma conexão permanente entre a resposta emitida e seu reforçador.

"A Origem da Superstição" - Comentário de Richard Dawkins, citando a obra de B.F. Skinner.


           Sem dúvida alguma, a apresentação de um reforçador sempre irá reforçar algo, pois no momento de sua apresentação, um comportamento sempre será emitido. Quando isto acontece acidentalmente (ou seja, determinado comportamento recebe um reforçador que não tem relação com este comportamento), podemos descrevê-lo como comportamento supersticioso. Sendo assim: Na emissão do comportamento supersticioso, se ele é reforçado (através da apresentação direta de algo reforçador, ou através de outros benefícios), a probabilidade de sua ocorrência aumenta.
É importante destacar que há pessoas que dizem que o behaviorismo radical (aquele formulado por Skinner) diz que o comportamento precisa sempre ser reforçado para ocorrer. Isso não é verdade!

Não! Behaviorismo radical não é isso!

         Em relação ao comportamento supersticioso, é curioso ver que nosso organismo é totalmente eficaz ao nos preparar para executar comportamentos adequados em determinadas situações, porém este não possui aparato suficiente para nos “livrar” de comportamentos que não possuem muita utilidade para nós.
Skinner ainda nos fala que “os ritos supersticiosos na sociedade humana geralmente incluem fórmulas verbais e são transmitidos como parte da cultura”. Isso pode nos ajudar a compreender também como algumas formas de pensar são assimiladas culturalmente, sem que necessariamente sejam comprovadas.

Por isso, questione! Só assim poderemos modificar a realidade onde vivemos de forma mais funcional.
Referências:

SKINNER, B.F. Ciência e comportamento humano. Tradução João Carlos Todorov, Rodolfo Azzi – 11ª ed. – São Paulo: Martins Fontes, 2003.


Sugestões de Leitura:

BAUM, W.M. Compreender o Behaviorismo: Comportamento, cultura e evolução. 2ª ed. rev. e ampl. – Porto Alegre: Artmed, 2006.

REIS, A.V. Superstição. Disponível em: <http://olharbeheca.blogspot.com.br/2009/12/supersticao.html> Acessos em 01 jul. 2012.

LÉVI-STRAUSS, C. O feiticeiro e sua magia. In: ___. Antropologia Estrutural. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro. 2ª ed. pp. 193-213. 1985.

SKINNER, B.F. Ciência e comportamento humano. Tradução João Carlos Todorov, Rodolfo Azzi – 11ª ed. – São Paulo: Martins Fontes, 2003.







terça-feira, 8 de maio de 2012

Novo nome!

Meus caros, depois de muito tempo de desocupação do blog, ele está de volta!
Basicamente, os problemas para a não-atualização do blog foram o tempo (principalmente pelas atividades da faculdade nas quais estou envolvido, TCC e tudo mais...) e também a falta de um nome novo para o blog. Acho que o novo nome é mais fácil de assimilação, e deixa muito claro o objetivo dos posts.




Desde já, muito obrigado a todos que visualizam o blog. Graças a vocês, ele possui mais de 3000 visualizações!


Em breve estarei com um novo post!
Aguardem!

domingo, 27 de março de 2011

Sequestro de Amígdala (?)


"Ih, cara, desculpa! Eu sofri um sequestro de amígdala!"



Imagine se, numa situação de susto, você bate em um amigo. Não é que você queira fazer isso, mas seu organismo acaba se defendendo, em uma situação de risco. É melhor, para a sobrevivência deste organismo, estar excessivamente protegido do que estar vulnerável.

E é isso que as amígdalas fazem, especificamente as chamadas amígdalas cerebelosas. Elas estão localizadas no sistema límbico, responsável pela regulação do comportamento sexual e da agressividade (daí as reações de proteção que visam a sobrevivência), também sendo importantes para os conteúdos emocionais de nossas memórias.


Não, não é disso que eu estou falando!






(Créditos a www.wikimedia.org) Localização das amígdalas no cérebro





Sabendo desse conceito, podemos abordar um fenômeno bastante interessante: O sequestro de amígdala.


(Créditos a topicosespeciais1.wordpress.com) Será? 


Basicamente, durante uma situação de perigo, uma informação é enviada rapidamente à amígdala, e depois ao neocórtex, que é responsável pela análise prévia da situação. A amígdala, por sua vez, é responsável pela crítica, após o acontecimento de reações inesperadas, tanto físicas, quanto verbais ou emocionais. 
Vejamos um desenho que pode clarear melhor esse trajeto:


(Em vermelho, a amígdala, e em laranja, o neocórtex). A informação deveria ser enviada da amígdala para o neocórtex. Porém, há um "bloqueio" desse trajeto. Daí acontecem as reações sem análise prévia da situação, e suas possíveis consequências.


Quando, por exemplo, você fala algo a um amigo algo que depois você se arrepende, você foi "atingido" por um sequestro de amígdala. É como se a amígdala tomasse conta da situação antes que a informação chegue ao neocórtex. Ou seja, não ocorre a análise prévia da situação.


Por isso, como disse Thomas Jefferson:
“Se ficar zangado, conte até dez antes de dizer qualquer coisa. Se não tiver se acalmado, conte até cem; e se não se tiver acalmado depois disso, conte até mil”

sexta-feira, 18 de março de 2011

Sonhos - Parte I







Cientificamente falando, uma coisa é certa: Somente o sujeito sonhador é testemunha de seu sonho. O que torna sua análise dependente de fatores como o simples esquecimento deste sonho, por exemplo.

Pesquisadores da Universidade de Chicago descobriram, supostamente, um modo objetivo e aparentemente confiável de determinar se uma pessoa adormecida está sonhando. O sonho se constitui como um processo fisiológico fundamental, que está relacionado, por sua vez, a outros ritmos do corpo.

Segundo Scientific American (1977), durante um estudo das variações cíclicas de sono em crianças, foi observado que os olhos das crianças continuavam a se mover sob suas pálpebras fechadas por algum tempo depois que todos os grandes movimentos corporais haviam cessado com o início do sono. Os movimentos dos olhos paravam e então começavam novamente de vez em quando, e eram os primeiros movimentos percebidos quando a criança acordava. A partir disso, o estudante Eugene Aserinsky descobriu que os movimentos oculares forneciam um meio mais confiável para distinguir entre as fases ativas e tranquilas do sono do que os grandes movimentos corporais.


Movimentos oculares - ferramentas para análise dos sonhos?




Um dos que mais procurou fazer a análise dos sonhos foi Sigmund Freud (porém, não irei enfatizá-lo aqui):













E aí, primordialmente, surgem as seguintes questões:

1- Será que todos sonham?
2- Quanto se sonha em uma noite de sono?
3- O "enredo" do sonho está realmente condensado em um momento de sonho?
4- Os estímulos externos, como luz, calor, barulho, fome ou sede, afetam o conteúdo dos sonhos?

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Superando Dificuldades: Resiliência (Parte III)

E quando o próprio meio social do sujeito contribui para o negativo, a doença, as falhas, e outros demais déficits? 

Um drogado, por exemplo, verá a si mesmo como fracassado, sem capacidade de recuperação. Quando o meio, no qual ele está inserido, não contribui para que ele tome consciência de suas capacidades de superação, sua crença será mantida, o que fará com que ele continue se drogando.

Visão geral do viciado em drogas: Sem capacidade de recuperação, um caso perdido.

Isso acaba nos fazendo pensar em prognósticos mal elaborados, que reduzem o sujeito a uma única situação: Enfermo, sem capacidade alguma de recuperação. Isso inibe sua iniciativa para que resolvam suas dificuldades, o que faz, também, que eles procurem a primeira forma de encontrar uma possível solução, acabando por se resumirem a receptores passivos de informações. Ou seja, acabam se submetendo às mais diversas situações, para obter tal solução.
Aplicando isto aos contextos terapêuticos, muitos acabam por retirar a autonomia do sujeito, às vezes prolongando-se por anos, sem mudanças consideravelmente rápidas. Isso levou, pouco a pouco, na última década, à criação de ONGs que se preocupam em debater tais questões, com discussões superiores a muitas teorias psicológicas.

Afinal, o que seriam as resiliências?

Não determinadas a partir de adversidades sofridas por um sujeito, família ou comunidade, tais pessoas possuem capacidades potenciais para alcançar níveis aceitáveis de saúde, o que as permite tolerar, manipular e aliviar as consequências de tais adversidades, sejam elas psicológicas, fisiológicas, sociais ou comportamentais. Tais experiências implicam carências, superproteção, desqualificação, abusos, negligência e deficiência, bem como as que expõem o sujeito às adversidades sociais sem apoio, o que, basicamente, "inibe" a resiliência.

Diversos estudos demonstraram, segundo Opas (p. 20, apud MELILO E OJEDA, 2005), que certos atributos do indivíduo possuem relação positiva com a capacidade de resiliência:
- Controle das emoções e dos impulsos;
- Autonomia;
- Senso de Humor;
- Auto-estima;
- Empatia;
- Capacidade de Compreensão e Análise das Situações;
- Competência Cognitiva;
- Capacidade de Atenção e Concentração.

Segundo Froma Walsh, "um conjunto de crenças e narrativas compartilhadas, que fomentem sentimentos de coerência, colaboração, eficácia e confiança, é essencial para a superação e o domínio dos problemas".

"O que faz com que algumas famílias se desmanchem e se destruam diante das crises...
... e que outras consigam superá-las e, ainda, sair delas maduras e recuperadas?" (MELILO; OJEDA, 2005)


Referência:
Resiliência: descobrindo as próprias fortalezas / [organizadores] Aldo Melilo, Elbio Néstor Suárez Ojeda e colaboradores ; tradução Valério Campos - Porto Alegre: Artmed, 2005. 160 p. ; 23 xm.

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