E quando o próprio meio social do sujeito contribui para o negativo, a doença, as falhas, e outros demais déficits?
Um drogado, por exemplo, verá a si mesmo como fracassado, sem capacidade de recuperação. Quando o meio, no qual ele está inserido, não contribui para que ele tome consciência de suas capacidades de superação, sua crença será mantida, o que fará com que ele continue se drogando.
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Visão geral do viciado em drogas: Sem capacidade de recuperação, um caso perdido. |
Isso acaba nos fazendo pensar em prognósticos mal elaborados, que reduzem o sujeito a uma única situação: Enfermo, sem capacidade alguma de recuperação. Isso inibe sua iniciativa para que resolvam suas dificuldades, o que faz, também, que eles procurem a primeira forma de encontrar uma possível solução, acabando por se resumirem a receptores passivos de informações. Ou seja, acabam se submetendo às mais diversas situações, para obter tal solução.
Aplicando isto aos contextos terapêuticos, muitos acabam por retirar a autonomia do sujeito, às vezes prolongando-se por anos, sem mudanças consideravelmente rápidas. Isso levou, pouco a pouco, na última década, à criação de ONGs que se preocupam em debater tais questões, com discussões superiores a muitas teorias psicológicas.
Afinal, o que seriam as resiliências?
Não determinadas a partir de adversidades sofridas por um sujeito, família ou comunidade, tais pessoas possuem capacidades potenciais para alcançar níveis aceitáveis de saúde, o que as permite tolerar, manipular e aliviar as consequências de tais adversidades, sejam elas psicológicas, fisiológicas, sociais ou comportamentais. Tais experiências implicam carências, superproteção, desqualificação, abusos, negligência e deficiência, bem como as que expõem o sujeito às adversidades sociais sem apoio, o que, basicamente, "inibe" a resiliência.
Diversos estudos demonstraram, segundo Opas (p. 20, apud MELILO E OJEDA, 2005), que certos atributos do indivíduo possuem relação positiva com a capacidade de resiliência:
- Controle das emoções e dos impulsos;
- Autonomia;
- Senso de Humor;
- Auto-estima;
- Empatia;
- Capacidade de Compreensão e Análise das Situações;
- Competência Cognitiva;
- Capacidade de Atenção e Concentração.
Segundo Froma Walsh, "um conjunto de crenças e narrativas compartilhadas, que fomentem sentimentos de coerência, colaboração, eficácia e confiança, é essencial para a superação e o domínio dos problemas".
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"O que faz com que algumas famílias se desmanchem e se destruam diante das crises... |
... e que outras consigam superá-las e, ainda, sair delas maduras e recuperadas?" (MELILO; OJEDA, 2005) |
Referência:
Resiliência: descobrindo as próprias fortalezas / [organizadores] Aldo Melilo, Elbio Néstor Suárez Ojeda e colaboradores ; tradução Valério Campos - Porto Alegre: Artmed, 2005. 160 p. ; 23 xm.
Resiliência: descobrindo as próprias fortalezas / [organizadores] Aldo Melilo, Elbio Néstor Suárez Ojeda e colaboradores ; tradução Valério Campos - Porto Alegre: Artmed, 2005. 160 p. ; 23 xm.
Na situação de usuário de drogas, é essencial a participação da família no tratamento. Sentir-se valorizado e apoiado acaba gerando uma confiança de superação muito maior. Obviamente isso não é determinante, mas é o que os estudos apresentam.
ResponderExcluirAbraço Adriano.
Adriano uma dúvida. Há alguma explicação fisiológica para a resiliência? o porquê de algumas pessoas apresentarem e outras serem tão pessimistas?
ResponderExcluirQuanto à questão da família, realmente é importante. Porém, penso ser mais adequado usarmos o termo "apoio social", pois para determinados sujeitos, os amigos podem representar sua família naquele momento, por exemplo. Por isso o suporte emocional é tão importante para o progresso da luta contra a dependência.
ResponderExcluirQuando a questões fisiológicas sobre resiliência, no que li as questões sociais eram mais enfatizadas. Porém, pela minha leitura acredito que haja muita contribuição do sistema límbico nesse sentido.
Abraço.